quinta-feira, 21 de julho de 2011

Incentivo ao e-book para estudantes

(publicada no Jornal da Tarde em 20 de julho de 2011, ano 46, edição 14940, pág. 2A)
por Luis Fernando Vitagliano*
Estamos diante de uma oportunidade histórica para recompor ou recuperar uma geração perdida no que diz respeito à política científica e tecnológica do país. Com uma política nacional para o livro eletônico podemos ressuscitar o setor de microtecnologia através do incentivo ao desenvolvimento de e-books baratos destinado a alunos de escolas públicas.

Sabemos que o futuro da sala de aula esta nas lousas eletrônicas, nas cartilhas on-line e nos e-books (abreviatura para livro eletrônico, mídia digital com conteúdo de livros). Sabemos também que o professor é e sempre será o pilar da educação – e nunca seremos ingênuos de duvidar disso. Neste contexto livro, a lousa e o caderno ainda são e continuarão sendo materiais importantes, mas perderão inevitavelmente espaço para a praticidade do e-book. Mas só o professor é indispensável.

Entretanto, a mudança tecnológica salta aos nossos olhos. Escolas particulares começaram a direcionar seu material didático neste sentido. Mas, um tablet (como americanizamos o nome do hospedeiro do e-book) é hoje muito caro. Atualmente é material de elite tendo em vista que as empresas cobram em média dois R$ 2 mil por um desses equipamentos. Inviável até mesmo a uma família de classe média com dois filhos na escola.

Mas, o governo pode e inevitavelmente buscará suprir esta necessidade. Os tablets também vão aos poucos baratear e, como sabemos que sempre acontece, os pobres vão comprar os produtos de segunda mão que estarão disponíveis no mercado ou então os obsoletos vindos dos países desenvolvidos. Bem ou mau, o tablet que hoje esta nas escolas de elite chegará às classes subalternas.

Se sabemos de tudo isso, por que não fazer uma política destinada a orientar esta situação de modo positivo ao pais? Nossa ultima tentativa de uma política tecnológica na área de informática foi em 1986. Na época, Cobra e outras empresas nacionais não resistiram às pressões da internacionalização. Hoje, a opção por baratear a taxação de um tablet pode resolver parte do problema de acesso. Mas se em um projeto publico de incentivo a tecnologia nacional e compromisso de assumir um mercado de estudantes de escola publica criar um mercado promissor e interessante a empresas e empresários nacionais?

Garanto, sem medo de acertar nos cálculos, que esta política seria no médio prazo uma economia ao país. Não apenas pelo ganho com alunos que saberiam usar o tablete e seus opcionais, mas também porque os gastos hoje com cartilhas e livros escolares são exorbitantes hoje e poderiam cair drasticamente – sem contar a quantidade de arvores que preservaríamos.

Se dependermos do que chamamos de forças do mercado esta política pode acontecer tardiamente, pior: pode ocorrer dependente da tecnologia estado-unidense, europeia ou asiática e totalmente vinculada às apostilas que plastificam o saber. Mas, se o Ministério da Educação, transformar isso em política pública, se o BNDES incentivar empresas a buscarem esta tecnologia, talvez seja possível tornar isso uma oportunidade de desenvolver o Brasil.

Artigo destinado:
À presidenta Dilma Roussef
Ao Ministro da Educação Fernando Haddad
Ao Ministro de Ciência e Tecnologia Aluízio Mercadante
E ao Presidente do BNDES Luciano Coutinho

Luis Fernando Vitagliano é mestre em Ciência Política pela Unicamp e professor do curso de Relações Internacionais da FMU

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