quarta-feira, 23 de junho de 2010

Arqueologia de Araraquara

Cidade com aproximadamente 200 mil habitantes, a 370 km da capital, Araraquara é um termo indígena que quer dizer “morada do sol”. Cidade relativamente pequena, mas com boa estrutura local, espaços culturais, como o SESC e o museu municipal, abriga um campi da UNESP o que cria uma demanda universitária à cidade e é repleta de praças e com avenidas largas, a cidade chama a atenção por ser bastante agradável.
Conheci faz pouco tempo as belezas da cidade de Araraquara. Desde o pastel no distrito de ??? até a Catedral católica municipal. O que me chamou a atenção na cidade foi, mais que seu clima agradável e a capacidade o desenvolvimento urbano (rodeando a cidade de arvores e praças), foi a riqueza social do lugar. O café foi quem deu prosperidade econômica à cidade, assim como em boa parte do interior paulista. Em 1885 chegou a ferrovia. Não nos esqueçamos que a Ferroviária de Araraquara (hoje terceira divisão do campeonato paulista) já foi um time tradicional das disputas futebolísticas.

Mesmo sendo uma cidade relativamente nova, menos de 200 anos, e também pequena, Araraquara consegue destacar-se em qualidade de vida principalmente porque sua estrutura social aproveita-se da participação de projetos que ajudam ao desenvolvimento do interior paulista. A ferrovia no século XIX, a UNESP no início dos anos 1980, uma unidade do SESC recentemente. Atualmente, além da cana-de-açúcar que domina a região de Ribeirão Preto, Araraquara tem o incremento agro-industrial do processamento de Laranja, com uma unidade local de uma das maiores empresas do ramo no mundo.
Feito este breve histórico, com o intuito básico em dizer que não se trata de qualquer cidade que desordenadamente se construiu no interior de São Paulo, vamos ao assunto que eu gostaria de chamar maior atenção nesta postagem. Araraquara tem o sítio arqueológico mais importante do interior de São Paulo.

Araraquara foi um Oasis a 140 milhões de anos e conta com um precioso acervo paleontólogo, mas se não fosse uma dor de dente de um padre italiano que estava em trânsito pela região e decidiu parar na cidade para se tratar, talvez essa riqueza histórica e cultural que hoje se destaca em Araraquara jamais ganhasse a atenção necessária. Ao andar pelas calçadas de Araraquara o padre Giuseppe Leonardi solicitou a retirada de toneladas de pedras de arenito que continham os fósseis de dinossauros. Escreveu diversos artigos sobre o achado, um deles em 1984 na Revista Ciência Hoje, volume 2, n° 15, – disponível on-line um artigo no site da UNB. Leonardi fez escola e aquele artigo foi lido por um jovem de 15 anos chamado Marcelo Fernandes. Este conta ao Estadão que tornou-se Paleontólogo e hoje é um dos pesquisadores responsáveis pelo sítio localizado nas antigas pedreiras, chamado sítio Ouro.

Segundo a história, em 1911 um engenheiro de minas chamado Joviano Pacheco encontrou uma impressão de pata de dinossauro registrada em uma pedra de arenito em São Carlos proveniente de uma pedreira de Araraquara. O padre Giuseppe Leonardi percebeu o tesouro aos seus pés e pesquisou os mais de 300 km de calçadas de Araraquara provenientes das pedreiras locais. De fato, Araraquara tornou-se conhecida internacionamente pelo seu valor histórico no restrito campo de paleontologia. Alguns dos estudos de paleontologia estão Museu Histórico e Pedagógico Voluntários da Pátria, outros na UFSCar em São Carlos, a pedra encontrada por Pacheco em São Paulo e felizmente as pedreiras deram lugar aos sítios arqueológicos que fornecem a matéria dos estudos. Coincidência ou não, lá esta Araraquara, um museu em céu aberto. Ao andar pela cidade podemos perceber os diversos contrastes e os resquícios da cidade. De um passado de maria-fumaça com a herança da antiga riqueza cafeeira e do poder das oligarquias locais, mistura-se com a modernidade das instituições universitárias como UNESP e culturais como SESC. A arquitetura local é bastante interessante e sua história, bem ou mal é rica como a de muitas outras regiões no interior deste país... tudo bem que nem todas as cidades tem a sorte em ser tão agradável como Araraquara, já que esta é a morada do sol.

(A cidade tem uma bela Catedral, provavelmente construída no auge do desenvolvimento promovido pelo café, com a ajuda da ferrovia. A recente urbanização colocou em contraste a arquitetura monumental sacra ao lado do desenvolvimento da arquitetura moderna destinada aos prédios comerciais. Mesmo assim, a cidade manteve seus ares agradaveis de uma cidade pacata do interior, com boa qualidade de vida).

Araraquara tem resquicios de suas vilas operárias agora convertidas em comércios com a fachada de frente para a rua. A velha estação ainda funciona em Bueno Andrade e, pasmem, o trem ainda passa lá. Entre tudo isso encontramos lugares bastante agradáveis como a região da Biblioteca Mario de Andrade - tranquilidade impressionante.

Nenhum comentário: