Já na iniciação científica, nos últimos anos do curso de ciências socias, fiz um projeto financiado pela FAPESP (Fundação de Amparo a Pesquisa do Estado de São Paulo), em que estudei intervenção estatal e planejamento econômico no Brasil de Getúlio Vargas (1930-45), o desenvolvimento bem sussedido do projeto me deu condições para prestar mestrado. Na minha proposta inicial de estudos gostaria de comparar o ISEB (Instituto Superior de Estudos Brasileiros) com a ESG (Escola Superior de Guerra), instituições que tiveram impacto importante no Brasil dos anos 50 e 60 do século XX. Meu orientador queria um tema mais atual que nos desse condições de discutir os dilemas atuais do desenvolvimento brasileiro. Então propus a CEPAL como objeto de estudos. Não apenas porque a atuação da CEPAL ainda é decisiva no Brasil e no restante da América Latina e Caribe, mas porque é um centro de informações e produção de conhecimento importante. Além disso, a história da CEPAL é cercada de momentos interessante, idéias inovadoras, pesquisadores brilhantes. No final, o projeto discutia a crise da America Latina, das suas idéias e das suas instituições, tudo catalizado nas histórias da CEPAL. Em setembro 2004 a dissertação de mestrado foi aprovada pelo programa de Ciência Política da Unicamp. Em dezembro de 2005, fui aprovado pelo programa de Doutorado em Ciênicas Sociais da mesma universidade. Segue abaixo o resumo daquele mestrado. E o link da biblioteca virtual da Unicamp onde qualquer pessoa pode baixar todo o trabalho gratuitamente.
Resumo: A CEPAL (Comissão Econômica para a América Latina) é o objeto deste estudo exploratório. Serão dois momentos distintos aqui apresentados e tratados: os trinta anos gloriosos do desenvolvimento latino-americano, de 1950 a 1980 - que aparecerão aqui na discussão da "velha CEPAL"; e, depois de 1980, na crise do desenvolvimento latino-americano, quando o neoliberalismo toma a pauta de recomendações e é definido como princípio preponderante para os países em desenvolvimento - a CEPAL aparece nesta fase como a "nova CEPAL". Qual o contraste existe entre a "nova CEPAL" e a "velha CEPAL"? O que provocou a ruptura? Quais as diferenças entre um e outro cenário político e econômico? Como a CEPAL reage em relação às recomendações políticas neoliberais? Estas são algumas das perguntas que abordaremos no desenrolar deste trabalho. Os principais temas da pesquisa giram em torno de dois aspectos: o papel reservado ao Estado nos diferentes momentos históricos de um lado e as teorias do desenvolvimento de outro. Qual então o papel que a CEPAL apresenta ao Estado no final século XX e início do século XXI? Em que medida ele se contrasta com o papel atribuído ao Estado no final dos anos quarenta e início dos anos cinqüenta? As mesmas perguntas cabem às concepções a respeito do desenvolvimento econômico: Quais as novas estratégias para o desenvolvimento da América Latina e em que medida se contrastam com as antigas? As perguntas de fundo que nos levam a este estudo, porém, são mais complexas e indecifráveis: Qual a relação entre idéias e fatos? Em que medida os fatos fazem mudar as idéias? Em que medida as idéias interferem na ação humana?
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