quarta-feira, 7 de dezembro de 2011

Interação versus interatividade

Deus meu!!! Entrei no metrô um dia desses e me assustei. Verdade... quase cai no vão entre o trem e a plataforma. Mentira! Exagero. Só assustei. Que assustei é verdade. Pois então, simplesmente três, repito: três pessoas à minha volta estavam usando a internet. Acha pouco? Não... é um crescimento arrasador do uso das redes em lugares públicos. Tudo bem que era na linha verde, dos Classe Média – parêntese: é porque rico que pega metrô não gosta de ser chamado de rico. Quase não pego essa linha, sou classe média que gosta de ser chamado de pobre, então, uso a linha azul em geral. Fecha parêntese.

Enfim, todo mundo ali, no seu próprio mundinho virtual. Ninguém olhando pra cima, ninguém vendo nada. E eu, assustado com tudo aqui. As pessoas não se olham. As pessoas não se conversam. Impressionante! Cada qual no seu mundinho, vivendo a mesma realidade que se estivesse em casa tomando um café. Lógico, no tromba-tromba do metrô paulistano com muito menos conforto, comodidade e principalmente espaço... mas nem por isso, vivendo e interagindo com aquele mundo.

A interatividade do mundo virtual poderá substituir a interação pessoal? Claro que isso é um exagero. Mania de sociólogo ao fazer catástrofe do fim do mundo que nunca vêm. Sabe qual a diferença entre o profeta e o sociólogo? Um coloca data para o fim do mundo, o outro só avisa que vai acabar. Por isso o profeta erra – a data chega e o mundo não acabou. O sociólogo não erra porque conta sempre com o pessimismo das pessoas de que as mudanças são sinais do fim dos tempos.

Mas, gente, é mesmo o fim dos tempos. Tem uma pessoa ao seu lado e você não sabe absolutamente nada a respeito dela. Mas, tá lá no facebook fuçando na vida de outra pessoa e fazendo fofoca. As coisas mudam, para os saudosistas, pra pior. Mas, não necessariamente, obvio. Da minha parte e para meus estudos, o que posso dizer é que a relação entre pessoas e espaço público tem mudado. Antes os espaços públicos eram momentos de interação. Os espaços de sociabilidade eram para privilegiar momentos em que pessoas e ambiente se comunicavam, dava pra conhecer gente, conversar, viver um pouco o acaso. Agora, com a internet, talvez o acaso só ocorra na rede, ou no logaritmo de um site de relacionamento qualquer. A interatividade toma conta e os espaços públicos não são espaços de interação entre as pessoas, mas pelo contrário, são espaços de interação entre a pessoa (no singular) e um meio. Esse meio pode ser qualquer budega: até o metrô.
As coisas mudaram? Mudaram. Pra pior? Não necessariamente. Ainda que eu tenha uma leve tendência sociológica pra dizer que sim, que é um sinal do fim dos tempos. \o/ #prontofalei. Mas, sendo bem realista, talvez simplesmente isso seja sintoma de que a vida esteja mudando. Temos mais preocupações em nos fecharmos, em mantermos um mesmo ciclo, uma mesma esfera de conforto (tem gente chamando isso de “zona de conforto” #eitanominhochato). Talvez seja verdade, ou talvez porque simplesmente a vida esteja mais prática. Pode ser basicamente porque antes o mundo não permitia tanta virtualidade, agora permite... Enfim, hipóteses vão aparecer para explicar as mudanças. Inclusive com presságios para o fim dos tempos. Alguma nova teoria vai colar. Tenho certeza... Mas, isso quem vai fazer não sou eu, vai ser um sociólogo das futuras gerações da pós-modernidade (acho que tô ficando velho).

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