domingo, 11 de setembro de 2011

O 11 de setembro de 1973

Vale mais que uma nota: o Chile também teve um 11 de setembro ocorrido 28 anos antes do World Trade Center, mas propositadamente ignorado pelos órgãos oficiais da imprensa. Detalhe, certamente o evento histórico chileno foi mais traumático e mais pesado que o estado-unidense. Claro que é um erro metodológico comparar dramas, mas o 11 de setembro chileno foi um atentado e uma atrocidade contra os direitos humanos que não pode ser ofuscado. Com um detalhe importantíssimo: este 11 de setembro contou com o apoio estado-unidense.

Em 11 de setembro de 1973 morria o presidente chileno Salvador Allende. Presidente socialista democraticamente eleito e que iniciou uma série de reformas sociais no seu país seguindo preceitos constitucionais. A insatisfação das elites levou a uma série de protestos que culminaram no golpe militar comandado pelo general Augusto Pinochet – comandante do exercito de Allende. Seguiu-se ao golpe, que em 11 de setembro sitiou e bombardeou a sede do governo, palácio La Moneda, uma série de perseguições, prisões e exílios que violaram todas as clausulas de um Estado de Direito. Conta-se que corpos de presos políticos depois de torturados e mortos foram arremessados de aviões em alto-mar... enfim, o 11 de setembro chileno foi, perto do estado-unidense, algo muito mais cruel e que não devemos nunca apagar da história para que jamais se repita.

Para quem quiser saber mais sobre o que ocorria no Chile naquela época, recomendo a triologia: Ia batalla de Chile, do diretor Patrizio Guzman, que fazia um documentário sobre o governo Allende da época e de repente se viu diante de uma contra-revolução burguesa: são três partes la insurrección de la burguesia; el golpe de Estado; el poder popular;


(no final desta parte do documentário, o cinegrafista filma sua própria morte, por um carabinero... os mesmos que hoje ainda contêm os protestos populares e que recentemente foram responsáveis pela morte de um estudante de 16 anos durante os protestos estudantis por reformas na educação há poucos dias).
Portanto, se os Estados-Unidos querem o respeito e a condolência do mundo pelo drama que viveram por conta dos atentados terroristas do seu 11 de setembro e se querem merecer nossas condolências às vitimas, primeiramente como Estado, deve pedir desculpas a países como o Chile por terem colaborado com outro tipo de terrorismo.

Um comentário:

Andrea de Godoy Neto disse...

Parce tão mais simples quando falamos dos Estados e suas políticas e não das pessoas vitimadas. Há pouco conversava sobre isso com um amigo que mora nos estados-unidos, que embora tenham sido vítimas e a tragédia tenha sido imensa, não foi o pior 11 de setembro que já se viveu.
Gostei do post, compartilhei ele no face.
beijo