quarta-feira, 11 de maio de 2011

Eu acuso Barack Obama

(O artigo à seguir foi enviado ao site da revista Caros Amigos. Acabo de saber que, após avaliação, decidiram não publicar - o blog agradece)

Eu acuso o presidente dos EUA, Barack Hussein Obama, de mandante de crime internacional. Que seja submetido a julgamento publico ao assumir que comandou a operação que violou a soberania pasquistanesa para eliminar Osama Bin Laden. Foram muitas as violações do direito internacional nesta operação, desde o território nacional aos direitos humanos. Nas suas próprias palavras, Obama planejou, coordenou e deu a ordem para a ação que matou Bin Laden e ‘justiça foi feita’.

Barack Obama que discursava sobre esperança, mudança, estímulo, paz etc, ficou conhecido por sua expressão (WE Can! – NÓS Podemos) agora paga de I CAN. EU POSSO! Transformou-se da noite para o dia na personificação do poder. Assumiu o bônus por perseguir e eliminar Bin Laden. Não mediu as palavras para se autoproclamar e autopromover. E, se deixou tão escancarada sua participação, pois que também assuma o ônus da conquista.

Por que simplesmente não capturar e julgar Bin Laden? Por que não submeter Bin Laden ao julgamento público, com corte internacional, com direito a palavra e a defesa das acusações se for o caso? Que critério permite o governo dos EUA a excluir Bin Laden de um julgamento justo e uma sentença dada pelas sociedades envolvidas em suas ações? Mais que os envolvidos, o mundo não poderia ser privado deste processo. Não tinha a CIA o direito de inviabilizar este fato.

Agora, posta a dúvida sobre o crime, é preciso investigar. Que as cortes internacionais se mobilizem, porque o mundo precisa de respostas. Os Estados Unidos não podem transformar a arena de relações internacionais em um velho oeste e eleger Obama como o mais rápido do gatilho. Mas, principalmente, não pode um presidente, em virtude da sua baixa popularidade, tomar atitudes de impacto que desrespeitem tantas leis e princípios internacionais.

Sejamos sinceros, os Estados Unidos não demonstraram preocupação com justiça, embora tentem nos fazer crer que sim. Afinal, não é a retórica, mas somente um julgamento justo poderia iniciar um processo de reconciliação da sociedade estado-unidense com o mundo islâmico e finalmente enquadrar as ações terroristas. Não foi este o desfecho da operação que executou Bin Laden. Matá-lo foi só uma demonstração de poder. Poder de Obama, poder dos EUA. Poder que talvez seja entendido no mundo islâmico como abuso, revanche, vingança... Adjetivos característicos da justiça em civilizações bárbaras ou não civilizadas.

Se Obama determinou a execução sumária de Bin Laden cometeu assassinato. E, neste caso, e hipótese alguma justiça foi feita. Se Bin Laden foi morto no processo de captura, também nenhuma justiça foi feita e a operação falhou. Porque Obama e sua equipe não são a justiça. Não são eles que fazem justiça, só quem faz justiça são as cortes legitimamente reconhecidas.

Sou um brasileiro simples, um professor universitário, sem títulos de nobreza ou posição pública de destaque. Sou um cidadão comum como muitos no Brasil, nos Estados Unidos e outros de toda parte do mundo. Todos nós, cidadãos comuns e autoridades, desde o sorveteiro, o vendedor de amendoim ou a presidenta Dilma temos direitos e deveres. Não nos distinguimos como cidadãos, talvez nas distintas responsabilidades. Mas nossos deveres para com a justiça são iguais. Ninguém, repito, ninguém tem o direito de impor sua personalidade ao estado de direito. Ninguém é superior às leis. Obama descumpriu o princípio segundo o qual todo ser humano deve ter um julgamento justo e submetido ao julgamento da sociedade (ou neste caso das cortes internacionais).

Esperamos dos terroristas o desrespeito aos estatutos do direito internacional, mas não esperamos que as mesmas atitudes dos presidentes. Obama tem responsabilidades maiores que qualquer um para com a paz. Recordemos que ele foi condecorado com o Premio Nobel da Paz em 2009. Então, para além de tudo isso, devemos lhe perguntar: o que esta atitude (assumida como heróica) contribui para a paz mundial?

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