Entre a pose espartana de Marcela Temer e a postura elizabethiana da presidenta Dilma, twitteiros, feministas e nacionalistas que me desculpem, mas eu fico mesmo é com estilo de Michelle Obama.
Semana passada, em um jantar oferecido por Obama ao presidente chinês Hu Jintao, Michelle Obama foi o principal alvo dos comentários e colunistas. Vestindo um vermelho com manchas pretas, que para os chineses simboliza prosperidade e é uma cor culturalmente muito valorizada, chamou atenção pelo estilo e elegância.
Pode ser que encaremos a vestimenta de forma prática para que não destoe ou chame a atenção para além da pauta. Moda já foi a forma pela qual as mulheres participavam da política. Já foi, e hoje elas participam de forma muito mais direta. Mas, se algumas abrem mão do uso dos diversos recursos que o estilo pode proporcionar, inclusive pela polêmica, outras preferem manter as possibilidades de feminilidade e uso da moda em seu favor.


Estilo também é saber o limite das suas possibilidades. Às vezes aparecem fotos dela comprando acessórios em feiras, roupas básicas em lojas populares; consegue misturar, criar tendências, fazer com que o glamour de espaço aos simbolismos. Sabe misturar, parece conseguir controlar o efeito que quer dar a sua imagem. E consegue manter-se mulher, responder aos anseios femininos sem deixar transparecer ou levar-se por futilidades. Muito pelo contrário, sua autenticidade na moda parece colaborar com sua personalidade e opiniões fortes.
Michelle Obama não é apenas um apêndice do marido, é alguém com vida própria, opiniões e posições próprias – com tudo de virtuoso ou virulento que isso possa significar. Quando Michelle Obama acompanhou o marido para encontros no Oriente Médio, fez questão de encontrar-se com mulheres e discutir com elas questões sobre o papel da mulher naquelas sociedades – estava vestida discretamente, mas provavelmente não foi discreta ao realizar os encontros. Michelle Obama caminha sob a tênue linha da mulher ocidental moderna: não abre mão da possibilidade de se apresentar como mulher (e, portanto, com diferenças em relação ao estilo dos homens), ao mesmo tempo é capaz de se impor como personalidade, tendo opiniões posições e tomando para si responsabilidade para discutir questões difíceis num mundo ainda machista e reservado a homens.
Cada primeira dama comporta-se como bem entende. Neste caso, não há certo ou errado. Aos argentinos, Eva Perón era tamanha referência que ainda hoje causa frisson. Recentemente tivemos dois exemplos bastante dispares de mulheres nas rodas do poder. Dona Marisa é bastante diferente de Dona Ruth - cada qual com seu estilo. (avançamos neste ponto: a presidenta do Brasil abriu a polêmica sobre existir ou não um primeiro cavalheiro).


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