Dia quente no interior. E dia das
eleições. Acordou cedo, fez a barba, escolheu a dedo a roupa, passou um
desodorante para encarar o calor, mas resolveu não passar protetor solar. O
eleitor pode achar que sou fresco, não compensa. Candidato a vereador é assim.
Tem de ter identidade com o povo. E povo do interior é povo de roça, que
enfrenta o sol a pique. E é preciso criar identificação, pele queimada, roupa
amassada, mas cara de bom moço.
Candidato de cidade pequena
sofre. Sempre que um resolve disputar as eleições pela vereança um parente
também entra na disputa, pelo outro lado. Aí divide os votos, fica mais difícil,
embola o meio campo. Assim que Guilhermino tinha o primo Tonho no seu encalço. Seu
número era 99.999 e do primo era 66.666 e o slogan “vamos virar a urna de ponta
cabeça”.
Mas, Mino Mineiro tinha uma
estratégia infalível: corpo a corpo no dia das eleições dá muito voto. É só dar
uma enganadinha no fiscal do Tribunal, desviar dos delegados da oposição e
chegar perto do eleitor como quem não quer nada. Uns fotinhos sempre se
conquista. E em cidade pequena isso pode ser decisivo.
E lá foi Mino Mineiro. Entrou
numa fila como quem não quer nada. Escolheu a mais longa. Vivo, pensou que ficaria
mais tempo, aí entre uma conversa e outra, falava com o que estava na sua
frente, com o que estava atrás, dava espaço pra os mais velhos, era gentil com
as gestantes, uma delicadeza só que lhe dava muito contato com o eleitor.

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