Quanto a isso sou rígido. Outra coisa importante que fiz é que vinculava até pouco tempo atrás entre meus blogs recomendados de gozação das celebridades e pseudo-celebridades, bem divertidas algumas postagens. Mas, no dia em que a autora defendeu sem o menor pudor o ataque de Israel a Gaza, retirei do ar do meu blog. Acho que há argumentos e argumentos. Mas, tomar partido assim, irresponsavelmente, num assunto tão delicado – achei de uma idiotice que perece mais que repreensão, indiferença. Porque não há nada pior a qualquer veículo de comunicação, seja ele revista, jornal, site ou blog, do que a INDIFERENÇA. Existem veículos que simplesmente na cito. Não por acaso. Eles não merecem repreensão, merecem indiferença. Quando são irresponsáveis, precisam ser ignorado.
Tomo tanto cuidado com isso que até agora não comentei o caso da excomunhão dos médicos, mãe e filha no caso de aborto em Recife. Não falarei nada enquanto eu não conversar com minhas fontes. Alguns católicos que conheço. As opiniões a respeito de casos sérios precisam ser balizadas. Quem trata isso com o devido cuidado e responsabilidade tem meu respeito, quem não trata: ignoro.
Voltemos ao tema. O que gasto com informação hoje. Segue a lista:
- kit residência: internet, telefone e TV à cabo. Plano básico: R$ 189,00 mensais divididos pelos três moradores da casa: R$ 63,00 mensal. Dificilmente pra quem valoriza informação ou trabalha com ela ignorar telefone e internet. TV à cabo ajuda a fugir dos canais abertos e encontrar documentários, jornais, mesas redondas e programas de TVs públicas... graças ao cabo assisti a discussão do Supremo sobre a lei eleitoral das ultimas eleições e achei tudo um absurdo sem tamanho – não fazia idéia de como era aquilo.
- Jornal semanal: não assino jornal. Acho desperdício. Se assinasse, creio que fugiria dos convencionais. Talvez hoje o melhor jornal pra se receber em casa seja o Valor Econômico. Talvez. O que fazia era comprar a Folha às sextas e domingos – sexta pelo guia do ócio e domingo pelos cadernos extras. Agora compro o Estadão. R$ 6,50 por semana. Média de R$ 26,00 mensais.
- Não assino a National Geografhic. Talvez devesse. Mas, sempre que há uma queda na bolsa (na minha, não na de valores), tenho a opção por não comprar. O que ocorre, em geral, é que todo mês compro a revista. R$ 14,99
- Fora isso, exporadicamente compro algumas revistas do tipo Carta Capital, Caros Amigos etc. Às vezes compro um jornal internacional; gosto do EL PAIS, mas também tem o LE MONDE. A vantagem de se morar em São Paulo é que se passear pelas bancas de jornais aos domingos, na Av. Paulista, vai encontrar todos esses jornais e algumas opções o norte-americano NYT, um alemão que não me lembro e o argentino Clarín, com facilidade. Ainda é fácil achar a versão brasileira de Le Monde Diplomatique. Os preços são salgados. Nenhum deles sai por menos de R$ 8,00. Mas vale a pena dependendo do assunto do momento – como a eleição de Obama e, agora, a crise mundial. Em geral faço esse “exagero” umas 2 vezes por mês. R$ 16,00 por mês.
Somando minhas fontes, tenho um gasto mensal de R$ 119,99 – em informação. Em média. Pode diminuir ou aumentar de acordo com a variação da receita. O processo é pensado para isso, de acordo com a vida maluca de pesquisador, que é instável. Ainda sim, acho que gasto muito além do que a média de gastos dos brasileiros. Isso porque seleciono as informações que quero e levo muito à sério a honestidade das minhas fontes.
Anualmente eu gasto em média: R$ 1.439,88 em informação.
Agora, simulo o que considero gasto ideal em informações:
1. kit residência. Não mudaria. O kit básico da TV é mais que o suficiente. R$ 63,00
2. Jornal: compraria esporadicamente. 2 ou 3 vezes por semana. Não assinaria um jornal enquanto contar com as opções de mercado. Manteria a compra do Estadão na sexta. Acrescentaria o Valor Econômico segunda e quarta e a Gazeta Mercantil na sexta (o suplemento de Cultura que circula às sexta na GM ainda é o melhor de todos). R$ 14,50 por semana R$ 58,00 mensais.
3. Revista. Manteria a NatGeo e assinaria uma revista semanal. Ou pelo menos compraria com mais freqüência. Hoje, creio que a revista mais adequada ao meu perfil é a Carta Capital. Ou seja R$ 161,00 (NatGeo ao ano) + R$ 369,00 (Carta Capital). Por R$ 530,00/12 meses, R$ 44,17 mês.
4. Compraria toda semana um jornal internacional. Ou El País, ou Clarín, ou Le Monde Diplomatique, ou New York Times. Cada semana um, não necessariamente numa regularidade rígida. (desculpa, mas jornal em alemão ou italiano que seriam outras possibilidades ainda não tenho familiaridade pra sequer tentar entender). R$ 8,00 por semana, R$ 32,00
5. Assinaria ainda uma revista especializada da minha área. A maior parte das profissões no Brasil tem pelo menos uma boa revista especializada. Geógrafos, Médicos, Filósofos, Psicólogos, Advogados, Engenheiros, aquela que os principais nomes da área escrevem artigos longos sobre temas bastante específicos e com a linguagem da área. Em geral leio os artigos nas bibliotecas de ciências sociais, mas com incômodo atraso. Assinaria a Revista Brasileira de Ciências Sociais e a Lua Nova - Revista de Cultura e Política. Mas, temos outras revistas importantes que merecem ser citadas, como a Dados - Revista de Ciências Sociais, ou a Novos Estudos CEBRAP. (RBCS por ano R$ 60,00 e Lua Nova R$ 50,00) R$ 110,00/12 = R$ 9,16
Assim, o meu gasto mensal com informação, numa situação ideal, subiria para R$ 206,33 ou, por ano: R$ 2.476,00. Ou seja, gasto hoje, pouco mais da metade do que acho que deveria gastar idealmente. Talvez, com as condições financeiras para gastar tanto, eu julgue que posso aplicar o dinheiro em outras coisas.
Evidentemente, desconsiderei a aquisição aspectos que nos ajudam a processar a informação cotidiana, como comprar (e ler – não adianta só comprar) um livro, um CD de músicas, assistir um filme, seja ficção ou documentário, ir a uma palestra. Lazer ou conhecimento ajudam-nos a melhorar nossa compreensão do mundo e por conseqüência melhoram nosso modo de processar informação. Neste texto calculei apenas o gasto direto com informação. Selecionei minhas próprias fontes, avaliei informações, mas conto com o privilegio de ter acesso a uma das universidades mais importantes deste país. O que não é pouca coisa em termos de acesso à informação. Muitas empresas compram hoje informação e aí o custo é altíssimo. É um mercado em franca expansão. Seja na produção de informações escritas, em imagens ou em forma de cursos. Saber a origem e discutir a seriedade das informações é fundamental para podermos processar seu impacto e tomar nossas conclusões por nós mesmos.
Sei que o leitor que mora no interior tem muito mais dificuldades que eu para acessar informações. Ele não terá a disposição a Avenida Paulista. Me lembro que meu irmão, morador de uma pequena cidade do interior paulista me contou que assinava uma revista semanal, reacionária e falsária que me recuso a propagar até mesmo seus vícios... enfim, ele contou que a revista chegava a casa dele às quartas, quintas feiras, quando o normal é chegar segunda. Em São Paulo já estão nas casas na sexta ou sábado. Ele foi reclamar no correio depois de ligar ao serviço de atendimento ao cliente da revista – que magicamente passou a chegar religiosamente as segundas. Infelizmente os carteiros da cidade passaram a ter poucas horas para ler a revista de um dos único assinante da cidade. Ou seja, as pessoas, bem ou mal, de diferentes modos acessam informações, mas é importante lembrá-las que isso diz algo a respeito do que pensam e do modo como agem politicamente – por que não é só dinheiro, mas também tempo gasto nestes processos.
Nenhum comentário:
Postar um comentário