sábado, 14 de março de 2009

"A Máquina de lavar e a liberação das mulheres - ponha detergente, feche a tampa e relaxe"

Nós cientistas temos a mania de procurar as informações na fonte. Confesso que não encontrei a reportagem publicada no L´Observattore Romano com o título da Postagem acima. Na mídia a notícia correu solta. Sites, jornais, televisão, todos publicaram a notícia. Mas, não consegui sequer a informação na internet da autora do artigo. Quem se refere a autora, diz que é uma mulher. Muitos sites publicaram até mesmo trechos do artigo. Mas, o nome da infeliz que escreveu, ninguém divulgou.

Procurei o artigo no site do jornal. Nada! Não consegui ainda acesso ao artigo e muito menos o nome da sua autora. Informações de segunda mão a imprensa brasileira é campeã de fazer. Mas, daí já é abuso. Disso tudo vi que semanalmente o "boletim" do L´Observattore Romano sai em 6 idiomas (italiano, inglês, francês, alemão, espanhol, português; - me parece que o polonês tem alguma coisa). Pra nenhum católico ter desculpas para não ler o informe semi-oficial do Vaticano.

A primeira multinacional do mundo - Igreja Católica - deu uma bela guinada à direita. No sentido de tornar-se conservadora - no sentido de estar menos aberta a mudanças e revisões nos seus dogmas. Arrisco até a dizer que a eleição do último Papa a tornou até mesmo retrógrada. Ao condenar o uso da camisinha, da pírula e do aborto, a igreja é conservadora. Ao defender, no dia internacional da mulher, que a máquina de lavar foi mais importante para as mulheres que a pírula anti-concepcional a Igreja se torna retrograda. Retrocedeu também quando promoveu um bisco que cooperou com o nazismo.
Concordemos ou não, é prefeitamente compreensível que a Igreja tenha posições conservadoras; no sentido de manter-se fiel a valores tradicionais. Mas, sua recente cruzada retrograda tem gerado desconforto ao recuperar velhos tabus aos quais a sociedade se propôs a superar. O exemplo disso é o artigo publicado; ninguém pode dizer o que foi mais ou menos importante para a libertação feminina. Eu próprio faço um bom uso da máquina de lavar roupas e não tenho nada a ver com o feminino ou feminista. Comparar um utensilho doméstico a possibilidade das mulheres controlarem a natalidade é uma provocação que esconde uma série de desvios que vão da moralidade ao entendimento histórico...

Esta nota não tem a intensão de alongar-se, mas sim de chamar a atenção para dois fatos. A recorrente mudança de direção da Igreja em busca de posições antiquadras e a incapacidade da mídia brasileira de, ao relatar um fato como esses, tratar com a devida seriedade tal posição.

Tudo bem, macaco simão tem razão, este é o país da piada pronta. Mas, isso não foi uma piada do Vaticano.
A notícia na imprensa:

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