The Clinic, nome comum para locais de internação de pacientes com problemas de drogas ou psicológicos, não tem este nome no Chile com o mesmo sentido. Em Santiago há um jornal, semanal, uma loja de presentes e um bar/restaurante com esse nome. Tornou-se praticamente uma franquia. As origens, porém, da escolha desta marca é que são, digamos , interessantes.... a direita ama ao País, mas odeia a maioria dos que vivem nele."
The Clinic ganha espaço na crítica ao novo presidente eleito, um empresário conservador que conseguiu aproveitar-se das rupturas na coalizão de partidos conhecida como Concertacion, (que englobava partidos Socialistas, social-democratas e cristãos) que governavou o país por dezoito anos. A coalizão rompeu-se e lançaram-se três candidatos no último pleito. Piñera, então derrotado por Michelle Bachelet em 2005, lançou-se como principal candidato da oposição conservadora. Venceu e hoje é o alvo mais principal dos divertidos e venenozos ataques dos editoriais de The Clinic.
Nesta história toda, fico pensando o quão distante estamos de antigos ideais da esquerda clássica. The Clinic, volto a repetir, mais que um projeto editorial e comprometido com a sociedade Chilena, é um negócio. O restaurante e bar têm, todo o dia e à noite, filas e mais filas e a loja de suvenires tem produtos caros. Tudo bem que o jornal deve mexer com os brios dos conservadores e fazer certo estrago ao publicar entrevistas bombásticas, críticas ásperas e carregar no humor irônico. Mas, fico me perguntando, em que medida isso resulta em uma crítica mais profunda e contundente à sociedade atual, crítica característica de uma esquerda clássica que não se contentava com reformas pontuais e circunstanciais. Não tenho resposta a essa pergunta.
O que me impressiona é que todos nós latino-americanos, ou mesmo nos EUA e Canadá, mais evidentes ou não, temos nossos críticos sociais que transformam suas idéias em negócios. Hoje em dia alguns grupos vendem um rótulo de esquerda e outros compram o signo do descolado. Enquanto isso, a impressão que fica é que consumimos a revolução para não necessariamente nos comprometermos com ela.
+ sobre o Juiz Espanhol Baltazar Garzón no Blog: El Alma de los Verdugos de Vicente Romero e Baltazar Garzón
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