por Marco Bettine*
Não sei o motivo pelo qual nós maximizarmos nossos problemas? Porque às vezes nos vitimizamos para ter um olhar de compaixão do outro?
Logicamente este pequeno texto não tem a pretensão de trazer esta ou qualquer outra resposta; deixemos isso para os médicos que colocam a culpa no hipocampo, quando falar das memórias recentes, ou do córtex que pode ter a necessidade de uma compaixão filogeneticamente constituída.
A conversa que me proponho aqui é pensar um pouco a respeito da necessidade social do mostrar-se vulnerável ao outro.
Não sou um profundo conhecedor da sociedade estadunidense, mas parece-me que lá um dos objetivos é a concorrência: se colocar mais que o outro. Será que somos ao contrário, isto é, valorizamos os aspectos negativos; então seria como é melhor ser o pior? Para aqueles que responderam sim, esqueceram de pensar que o mostrar-se o melhor (no sentido de bens do termo), também faz parte da nossa sociedade. Como faz parte da sociedade estadunidense colocar-se como vítima em situações desfavoráveis em uma competição da desgraça. Então parece que este estado de ser é um pouco mais complexo do que afirmar que fomos colonizados pelos portugueses, os piores da Europa (colonizaram metade do mundo), índios, os Macunaímas (dominam as ervas medicinais das florestas tropicais há séculos) e negros, os indolentes (únicos que trabalharam na monocultura da cana).
A conversa que me proponho aqui é pensar um pouco a respeito da necessidade social do mostrar-se vulnerável ao outro.
Não sou um profundo conhecedor da sociedade estadunidense, mas parece-me que lá um dos objetivos é a concorrência: se colocar mais que o outro. Será que somos ao contrário, isto é, valorizamos os aspectos negativos; então seria como é melhor ser o pior? Para aqueles que responderam sim, esqueceram de pensar que o mostrar-se o melhor (no sentido de bens do termo), também faz parte da nossa sociedade. Como faz parte da sociedade estadunidense colocar-se como vítima em situações desfavoráveis em uma competição da desgraça. Então parece que este estado de ser é um pouco mais complexo do que afirmar que fomos colonizados pelos portugueses, os piores da Europa (colonizaram metade do mundo), índios, os Macunaímas (dominam as ervas medicinais das florestas tropicais há séculos) e negros, os indolentes (únicos que trabalharam na monocultura da cana).

Começo a pensar nos valores da nossa sociedade, algumas palavras vêem à cabeça, vencer, lutar, posição social, dinheiro, parece-me que na sociedade que vivemos o indivíduo (e não o coletivo) é o responsável pelo sucesso ou insucesso da vida em geral.
Contrário a este pensamento é analisar a evolução econômica e os ganhos de uma sociedade que refletem em todo o coletivo; logicamente com um governo que tente minimizar a estrutura vertical de ganhos. Neste caso, todos ganham; e o contrário também é verdadeiro: se as finanças vão mal, os indivíduos, na sua maioria, acompanharão a tendência nacional. Neste caso, os governos tendem a horizontalizar as perdas. Mas, no plano micro parece-me que nós acreditamos que o sucesso e o fracasso dependem unicamente de nossas vontades. Mas, ao verbalizar, minimizamos os “fracassos” colocando-os no coletivo, mesmo acreditando que isso seja individual, e no sucesso, maximizamos o individual retirando totalmente o coletivo de nossas conquistas, porque realmente acreditamos nisso.
Então fica aqui um ponto de destaque, maximizamos a desgraça para arranjar desculpas ao nosso fracasso frente à sociedade, todos são culpados, o governo, a esposa, os filhos, a estrada, o Dunga, buscamos assim uma compreensão do outro, mas no fundo sabemos nós que o outro e nós não acreditamos nisso.
Isso não teria nenhum problema apenas seria uma forma de viver da sociedade contemporânea. Acredito que os problemas estão no viver um mundo de desculpas, de desvalorização do social e de não entendimento de si. Isto é, das nossas reais possibilidades, virtudes, necessidades e felicidade.
Acho que é isso...
* Marco Antonio Bettine de Almeida é professor doutor da USP. marcobettine@usp.br
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